quarta-feira, 2 de junho de 2010


Dizem que o melhor remédio é o tempo. Mais milagroso que Cogumelo do Sol, ele cura de coração partido a unha encravada. Mas requer paciência, algo que os seres humanos dispõem, porém, em quantidade limitadíssima.
Quando eu tinha uns 14, 15 anos, tinha muito medo de não “estar aproveitando”. Desculpem o gerundismo, mas preferi reproduzir na íntegra a forma como me alertavam. Minha mãe, minha tia e todos os outros com mais de 30 anos bem que tentaram me avisar: a melhor fase estava passando e eu deixava escapar das mãos…
Alguns anos se passaram. Eu, que não passava nenhuma base na unha, hoje não tiro o esmalte vermelho. O cabelo, que vivia preso num rabo-de-cavalo, hoje dificilmente vê um lacinho, grampo ou presilha. Fica solto mesmo, e tenho muita preguiça de prender. Confesso que ainda tenho um pouco de receio de usar um batom vermelho que ganhei, mas pretendo superar. Pode parecer uma besteira: fazer a unha, arrumar o cabelo… Mas não é. É um grande avanço para quem achava que unha vermelha era coisa de mulheres pouco ortodoxas.
Na minha humilde opinião, ao quebrar um pequeno preconceito – ou vergonha -, como pintar a unha de vermelho, é, de certa forma, libertar a alma.
Aos 16, eu era extremamente ‘vermelha’.

Queria participar do grêmio, fazia manifestações, discutia filosofia. Meu desejo era salvar o mundo, mas o que eu não percebia era que eu precisava me salvar primeiro. Era uma adolescente cheia de complexos e medo. Medo de levar fora, medo de conversar e falar besteira, medo de andar sozinha na rua, medo de ter medo.
Hoje ainda sinto medo de várias coisas, que hoje considero importantes, como ficar sem emprego, não conseguir estabilidade financeira, etc.

Talvez daqui a alguns anos eu tenha medo de não conseguir pagar as contas ou de me divorciar, mas aí já é pauta para outro texto.
Algumas vezes acho que minha tia tinha razão. Será que ela era infeliz aos 30 e queria me proteger do grande desastre que é ficar mais velha, ao dizer que eu não estava aproveitando a melhor fase da minha vida? Engraçado, mesmo estando numa fase não tão boa da vida, pelo menos para a minha tia , eu me sinto uma pessoa muito melhor agora.




beijos

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